quarta-feira, 21 de abril de 2010

Apenas 3% dos medicos processados na área da cirurgia plástica eram cirurgiões plásticos

Lipoaspiração lidera processos contra médicos em SP

Levantamento do CREMESP mostra que 33% das ações na área estética estão relacionadas a esta cirurgia plástica.


O A lipoaspiração, cirurgia plástica mais realizada no pais, é a que lidera o número de processos ético-profissionais contra médicos da área estética, segundo levantamento do CREMESP (conselho regional de medicina) feito entre 2001 e 2008. De 289 processos que apuram de reclamações sobre propagandas e resultados de cirurgias até mortes de pacientes, 33,5% se referem à lipo.
A morte da recepcionista Regiane Aparecida Bauer, 27 anos, ocorrida no sábado, passou a engrossar as estatísticas do CREMESP. Ontem o conselho abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias que levaram Regiane a sofrer uma parada cardiorespiratória duas horas após o início da cirurgia.
O prontuário da clínica mostra que os médicos já haviam aspirado a gordura do abdômen e, quando se preparavam para começar a cirurgia nas costas, a jovem teve uma parada cardiorespiratória súbita.
A suspeita dos médicos é que a mulher tenha sofrido uma embolia gordurosa pulmonar
Quando uma placa de gordura ou coágulo de sangue se desloca e vai para o pulmão, obstruindo a artéria pulmonar.
“A grande maioria das complicações e mortes ocorridas durante a lipoaspiração é por embolia pulmonar.” As pacientes precisam saber que há complicações sérias na lipoaspiração e tomar precauções. Precisam ter referências do profissional e do local onde serão operadas, não podem se iludir apenas pelo preço barato”, alerta Renato Azevedo Júnior, vice-presidente do CREMESP
Além da embolia pulmonar, podem ocorrer outros problemas sérios durante a lipo, como intoxicações pela anestesia e perfurações vicerais. Medicações como vitamina E, o ginseng e a gincobiloba também podem interferir na coagulação do sangue e causar sangramentos excessivos.

Risco de morte
Não há um consenso sobre o índice de mortes envolvidas nas lipoaspirações. Uma publicação da FDA (agência americana reguladora de medicamentos), por exemplo, são esperadas 3 mortes a cada 100 mil cirurgias.
Por essa estimativa, o Brasil segundo maior mercado mundial das cirurgias plásticas, estaria dentro da média. São realizadas no país em média 200 mil lipoaspirações por ano. Em 2008 ocorreram ao menos 6 mortes durante essas cirurgias.
“A Incidência de óbitos é muito baixa, e quando ocorre é por excesso de remoção de gordura ou por imperícia de cirurgiões despreparados. A lipoaspiração é perigosa se esses preceitos não forem seguidos” Afirma João de Moraes Prado Neto, presidente da regional paulista da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica)
Para o cirurgião plástico José Teixeira Gama, diretor da SBCP, a falta de especialização médica e a realização da cirurgia em locais inadequados são os principais fatores implicados nas mortes por lipoaspiração.

“Não é chegar no primeiro, que é baratinho e que divide em 36 vezes. A pessoa tem que se certificar se o médico é especialista em cirurgia plástica e se a cirurgia será feita em local seguro e adequado”, orienta.

Apenas seis dos 289 médicos processados no CREMESP tinham título de especialista em cirurgia plástica.

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